segunda-feira, 5 de outubro de 2009


O que da vida não se descreve...
Eu me recordo daquele dia.
O professor de redação me desafiou a descrever o sabor da laranja.
Era dia de prova e o desafio valeria como avaliação final.
Eu fiquei paralisado por um bom tempo, sem que nada fosse registrado no papel.
Tudo o que eu sabia sobre o gosto da laranja não podia ser traduzido para o universo das palavras.
Era um sabor sem saber, como se o aprimorado do gosto não pertencesse ao tortuoso discurso da epistemologia e suas definições tão exatas.
Diante da página em branco eu visitava minhas lembranças felizes, quando na mais tenra infância eu via meu pai chegar em sua bicicleta Monark, trazendo na garupa um imenso saco de laranjas. A cena era tão concreta dentro de mim, que eu podia sentir a felicidade em seu odor cítrico e nuanças alaranjadas.
A vida feliz, parte miúda de um tempo imenso; alegrias alojadas em gomos caudalosos, abraçados como se fossem grandes amigos, filhos gerados em movimento único de nascer.
Tudo era meu; tudo já era sabido, porque já sentido.
Mas como transpor esta distância entre o que sei, porque senti, para o que ainda não sei dizer do que já senti?
Como falar do sabor da laranja, mas sem com ele ser injusto, tornando-o menor, esmagando-o, reduzindo-o ao bagaço de minha parca literatura?
Não hesitei.
Na imensa folha em branco registrei uma única frase. "Sobre o sabor eu não sei dizer. Eu só sei sentir!"
Eu nunca mais pude esquecer aquele dia.
A experiência foi reveladora.
Eu gosto de laranja, mas até hoje ainda me sinto inapto para descrever o seu gosto.
O que dele experimento pertence à ordem das coisas inatingíveis.
Metafísica dos sabores?
Pode ser...O interessante é que a laranja se desdobra em inúmeras realidades.
Vez em quando, eu me pego diante da vida sofrendo a mesma angústia daquele dia.
O que posso falar sobre o que sinto?
Qual é a palavra que pode alcançar, de maneira eficaz, a natureza metafísica dos meus afetos?
O que posso responder ao terapeuta, no momento em que me pede para descrever o que estou sentindo?
Há palavras que possam alcançar as raízes de nossas angústias?
Não sei. Prefiro permanecer no silêncio da contemplação.
É sacral o que sinto, assim como também está revestido de sacralidade o sabor que experimento. Sabores e saberes são rimas preciosas, mas não são realidades que sobrevivem à superfície. Querer a profundidade das coisas é um jeito sábio de resolver os conflitos.
Muitos sofrimentos nascem e são alimentados a partir de perguntas idiotas.
Quero aprender a perguntar menos.
Eu espero ansioso por este dia.
Quero descobrir a graça de sorrir diante de tudo o que ainda não sei.
Quero que a matriz de minhas alegrias seja o que da vida não se descreve...
Padre Fábio de Melo
Bjksss Suellen-Tchellinha

domingo, 4 de outubro de 2009


Lembra o amanhã

“Como um santo, como Deus Ele veio e me escolheu Me deu asas e eu voei por onde quis Até quando te encontrei E, como anjo, fraquejei Lá do alto despenquei pra ser feliz Lembra o que eu perguntei Deixa eu ser seu amanhã Tenta dormir Nos teus sonhos vou seguir Eu não quero ser um rei Eu quero ser real Quero a mágica e a dor de ser mortal Pra poder viver o fim Quantas noites precisar Antes que o acaso venha nos levar... Lembra o que eu perguntei Deixa eu ser seu amanhã Tenta dormir Eu vou girar a terra ao contrário Até você voltar pra mim Eu não quero ser um rei Eu quero ser real Pra brincar de Deus Lembra o amanhã (2x), Lembra sem medo, Lembra o amanhã.”

Bjksss

Suellen-Tchellinha

Sonhos que se perdem
Vida que não passa
Como é doloroso gostar de alguém
E esse alguém nem te notar

Meu coração dói em saber
Que nada sou para você
Minha vida não tem sentido
Sem o brilho do teu olhar
Nem razão sem o seu cheiro e o seu encantar

Só você não percebe o tamanho do meu amor por ti
Mas um dia você me notará
Eu tenho esperanças de um dia isso acontecer

A cada dia que passa meus pensamentos se perdem
E só consigo pensar em te ter
Realizar meu sonho é o que mais desejo
Quero poder por um momento apenas em te amar e te querer.

Bjksss

Suellen-Tchellinha